abril 24, 2017

Goblin (drama, 2016)




País: Coréia do Sul
Gênero: Fantasia
Duração: 16 episódios
Produção: tvN

Direção: Lee Eung-bok
Roteiro: Kim Eun-sook

Elenco: Gong Yoo, Kim Go-eun, Lee Dong-wook, Yoo In-na, Yook Sung-jae, Lee Il, Jo Woo-jin, Kim Sung-kyum, Kim Min-jae, Kim So-hyeon, Kim Byung-chul.

Resumo

Goblin é a estória fantástica de um corajoso general da era Goryeo que é amaldiçoado com a imortalidade.

Comentário

Como motivo de comemoração de seus 10 anos no ar, o canal tvN investiu em uma produção luxuosa, o drama de fantasia Goblin: The Lonely and Great God, criação da roteirista mais badalada do momento, Kim Eun-sook. Depois do mega sucesso de público Descendants of the Sun (2016), era enorme a expectativa sobre o próximo projeto da escritora Kim. E, ao menos para a tvN, o resultado foi mais do que satisfatório (com uma média final de 13,7 %, um número significativo para a TV à cabo). Concluído o drama (e passada a comoção sobre o mesmo), podemos refletir com calma sobre seus os pontos positivos e negativos.


Para começar, foi uma surpresa agradável ver a autora voltar a um de seus temas favoritos, a fantasia... Recordemos que seu primeiro sucesso foi o drama romântico Lovers in Paris (2004), que se revelou, no último instante, como um drama de fantasia (e com um dos finais mais controvertidos da história dos dramas coreanos). Em seguida a escritora Kim voltou ao “trivial” com o drama romântico/político The City Hall (2009), com uma trama linear, mas ao mesmo tempo mais eficaz do que muitos de seus projetos seguintes, como Heirs (2013), ou Gentleman´s Dignity (2012). Antes destes dois últimos ela escreveu Secret Garden (2010), que lhe rendeu a fama de autora pop, graças à influência e às recorrentes citações de seus diálogos e cenas divertidas (sendo a mais citada, a do beijo na cafeteria, como esquecer?). O certo é que a escritora Kim tem um talento especial para gerar burburinho com cenas marcantes e originais, e com a escolha certeira do elenco em seus dramas românticos. Não se sabe de algum ator ou atriz que tenha rejeitado um convite para estrelar um drama assinado por Kim Eun-sook. Sendo assim, antes mesmo de sua estreia, Goblin já gerava manchetes com a notícia da presença de Gong Yoo no drama. Quatro anos foi tempo demais para os fãs de Gong Yoo, que aguardavam ansiosamente sua volta à TV.

Para concretizar sua visão grandiosa de um drama meio épico, meio fantasia romântica, a autora trouxe consigo o PD Lee Eung-bok (School 2013, Secret) seu parceiro de sorte em Descendants of the Sun. Se em Descendants of the Sun a direção do PD Lee não me impressionou especialmente, em Goblin ele parece ter bebido uma poção especial, que o tornou um diretor muito mais habilidoso. Aliás, a direção teve um papel crucial neste drama, já que as imagens, na maior parte do tempo, tiveram um peso maior que as palavras. Vale uma ressalva para o uso excessivo de imagens de banco de dados (recurso preguiçoso e meio cafona) e a repetição “ad nauseum” de certas cenas. Para ser mais específica, a cena crucial do enfrentamento do general Kim Shin com o rei é repetida tantas vezes que acaba por perder o impacto inicial, sem acrescentar nada à trama. Falando em edição, o drama perde muito em ritmo, do episódio 8 ao 12 (tendo provocado inclusive uma queda na audiência), e os longos capítulos de 1h30 se arrastam, com uma trama que anda em círculos, apoiada unicamente na atuação brilhante do elenco. Uma redução para 12 episódios beneficiaria muito o drama.


Goblin é o drama que restaurou minha fé no talento de Kim Eun-sook – apesar de todos os defeitos, para mim, este é seu melhor drama desde Secret Garden. Quem não gosta de dramas lentos e de enredo sem grandes reviravoltas deve sentir-se frustrado, mas o elenco charmoso, a fotografia e a cenografia tem poder o bastante para enganchar o espectador. Do episódio 13 ao 16 a estória volta a ficar interessante, e o desfecho é satisfatório (levando-se em conta tropeços da escritora em dramas anteriores).

A roteirista Kim tem uma criatividade e tanto para inserir um personagem da mitologia nórdica (goblin) em um reino asiático distante, e criar uma estória original, embora um tanto confusa... Sim, porque se você ainda não se aventurou no conto de fadas pós-moderno que é Goblin, não espere por grandes revelações sobre a origem dos personagens, já que eles mesmos vivem alienados sobre seu propósito no mundo. São tantas perguntas sem respostas... Por exemplo, por que o bravo general Kim Shin é punido pelos deuses e transformado em um goblin (na mitologia nórdica, uma espécie de gnomo maligno e ganancioso)? Será que ele merecia um destino tão cruel, pesadas as circunstâncias da época? Por que o rei Wang Yeo não deu ouvidos à sua jovem rainha, e ordenou sua morte e de sua família, mesmo sabendo que estava sendo traído por seu mentor, Park Joong-hoon? Como o Goblin conseguiu acumular riquezas ao longo de mais de 900 anos, fundar uma empresa (presidida pelo velho Yoo Shin) sem saber usar um smartphone? Ah, certo, a situação gerou piadas divertidíssimas entre o Goblin e seu amigo Anjo da Morte.


Apesar de sempre me incomodar com problemas de edição, seja no cinema, ou em dramas, a verdade é que não acho que o ritmo lento de Goblin seja um grande problema, já que muitos dos momentos mais mágicos e românticos do drama foram aqueles em que os personagens refletiam sobre as pequenas alegrias da vida... Como quando o Goblin começa a se apaixonar por Ji Eun-tak, e quer muito acreditar que a garota é sua noiva prometida, mas não sabe como expressar seus sentimentos... Ou quando o Ceifador encontra-se pela primeira vez com a bela Sunny, e seus olhos se enchem de lágrimas involuntárias... É curioso quando os personagens (ou os atores que os interpretam) tornam-se maiores do que a estória. É fácil perceber, pelos comentários gerados a cada episódio, que o drama enganchou o público pelo grande charme do elenco, especialmente Gong Yoo e Lee Dong-wook. Não é por nada que o ‘bromance’ entre a dupla gerou mais frisson que o romance entre o Goblin e Eun-tak. Gong Yoo (Train to Busan, Coffe Prince, BIG) é indiscutivelmente um grande ator e, melhor ainda, do tipo que sabe usar seu charme para encantar seu par romântico, o que não foi diferente com Kim Go-eun, que interpreta a jovem Ji Eun-tak. Mas, sou obrigada a reconhecer que não consegui sentir aquela “faísca” entre o casal principal, apesar das atuações convincentes de ambos. Kim Go-eun (Cheese in the Trap, Canola, Eungyo) é uma atriz encantadora, mas, não sei bem porque, não me convenceu no papel de Eun-tak. Talvez o problema seja o personagem, e não a atriz... Eun-tak é uma cinderela moderna, que sonha em entrar em uma boa universidade, e ter uma vida melhor. Ao cruzar com o Goblin, ela conclui, pragmaticamente, que encontrou um bom patrocinador para seus estudos. É interessante que ela não se apaixone imediatamente por este homem bonito e maduro, embora, mais adiante, entendamos que sua percepção sobre ele era muito mais profunda. É chato admitir, mas Eun-tak é o personagem mais importante, mas ao mesmo tempo o que menos me agradou no drama. O perfil adolescente de Eun-tak (o sorriso ingênuo, a voz infantil) não parece se encaixar com o passado do personagem, com todo o sofrimento que ela carrega consigo. Entendo que Eun-tak tenha conseguido conquistar o Goblin com esta alegria juvenil, mas eu teria preferido uma heroína mais madura, com um humor mais ácido.


Se o romance entre o ‘Dokkaebi’ e Eun-tak não me convenceu, a estória de amor de Lee Dong-wook (o anjo da morte) e Yoo In-na (a bela e solitária Sunny) é (literalmente) épica! Impossível não sofrer junto com este casal, e seu amor impossível... Parece que Lee Dong-wook (Scent of a Woman, Bubblegum) solicitou pessoalmente à escritora Kim a chance de interpretar o mensageiro da morte. Sou uma grande admiradora do ator, especialmente por sua vontade em buscar novos desafios, sem apegar-se a estereótipos, e não se acomodar em papeis de galã. A verdade é que Lee Dong-wook rouba a cena, por sua entrega total ao papel, e também porque a estória do personagem é tão mais rica e complexa que a do Goblin. Mas, surpresa mesmo fiquei com bela atuação de Yoo In-na (Queen In-hyun´s Man, My Secret Hotel, One More Happy Ending), sensível, discreta, na medida certa para a importância do papel.  Confesso que já havia abandonado a esperança de ver Yoo In-na como mais do que uma celebridade supervalorizada. Tenho muita curiosidade sobre o milagre operado sobre sua capacidade de atuação: será que foi a influência do elenco competente (seu encantamento na presença de Lee Dong-wook é óbvio), a orientação do diretor, ou simplesmente o efeito natural da maturidade? Seja como for, espero que este tenha sido o primeiro de novos e grandes papeis para a charmosa Yoo In-na.



Falando em bons atores, não posso deixar de mencionar o maravilhoso elenco jovem. Yook Sung-jae, de quem sou fã desde Who are You: School 2015 esbanja charme e fofura no papel de Yoo Duk-hwa. E o casal real Kim Min-jae (Romantic Doctor, Teacher Kim) e Kim So-hyeon (Let´s Fight Ghost, Page Turner, Who Are You: School 2015) deixa sua marca, apesar da aparição relâmpago. Acho Kim So-hyeon uma grande atriz, e fiquei imaginando se ela não seria mais adequada para o papel de Eun-tak...

Concluído este belo drama de Kim Eun-sook fico muito curiosa sobre seu próximo projeto, e espero que ela tome seu tempo para nos trazer mais uma estória tão mágica e surpreendente quanto a saga de Goblin.

6 comentários:

  1. Oi Sam,
    Lendo sua resenha parece que (mais uma vez e não sei como) você leu meus pensamentos .
    Apesar de todo alvoroço sobre Goblin ,decidi não ver de imediato justamente por causa dessa supervalorização antecipada que me deixa com o pé atrás. Mas na falta de bons dramas na temporada e tendo Lee Dong Wook no elenco fui dar uma olhada...
    De fato o primeiro episódio foi grandioso e confuso. Por conta dessa confusão quase desisti mas pensava em rever Dong Wook mais uns minutos e assim fui assistindo, terminando a maior parte dos episódios cheia de dúvidas e mais dúvidas.
    Lendo outra vez seu post uma palavra me vem a mente varias vezes: Sim. Sim. Sim.
    Sim, a mocinha poderia ter sido um pouquinho mais madura; sim, o drama teve maior sucesso pelo elenco de peso que de certa forma elevou o interesse do público do que pelo enredo em si; sim, faltou química entre o casal principal e sobrou no outro casal (que para mim nem pode ser chamado de secundário por que roubou a cena mais de uma vez).Com eles chorei, sorri e torci muito. Sim, Yoo In Na conseguiu ser melhor e dar uma identidade de destaque pra sua personagem, e acabou combinando muito com Dong Wook. Sim, poderia terem sido apenas 12 episódios de Goblin que eu estaria feliz. Em alguns momentos me desanimei bastante. Sim,Goog Yoo é um excelente ator mesmo...
    Algumas questões porém me deixaram pensativa sabe? Lia muito nas redes sociais que Goblin seria o retorno de Goog Yoo aos dramas e que seria o máximo e blá ,blá, blá. Pensei comigo ,esse negócio vai dar certo mesmo? Eles vão por Dong Wook como secundário mesmo? Como assim? Nada contra o outro ator, mas já conhecendo vários trabalhos e o talento de Dong Wook imaginei que não ia ter como haver um protagonista e um secundário, mas sim dois protagonistas.E acertei, já que os dois deram um show de talento e causaram um racha nas opiniões.
    Bom para mim um drama é bom quando consegue me trazer mais emoções do que indiferença e me faz querer rever algum episódio ou cena vez ou outra. Apesar dos escorregões Goblin me fez sorrir, amar, chorar e sofrer então valeu muito.
    Não posso sair sem dizer como admiro esse ator chamado Lee Dong Wook, sempre me surpreendo com sua atuação cada vez mais completa.
    Obrigada por sua resenha Sam.




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    1. Patrícia,

      se você concorda comigo, também concordo totalmente com suas observações!;)
      Eu também me diverti muito com Goblin, e me emocionei muito com o personagem de Lee Dong-wook. Se Goblin não foi um drama perfeito, certamente tem elementos o bastante para torná-lo um drama marcante, impossível de ser esquecido.

      Só uma observação sobre Gong Yoo: está na hora de ele partir para papeis mais desafiadores - ao menos nos dramas; o ator é o eterno chaebol... Será que ele tem medo de fazer papel de pobre? :)

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  2. Sam,
    Pegando um gancho na sua colocação sobre a necessidade de Gong Yoo se embrenhar em papéis mais desafiadores, estava aqui pensando o mesmo de lee Min Ho. Em Goblin senti que Gong Yoo fez um passeio, e parecia estar se divertindo, quase como se estivesse num parque de diversões. Embora foi muito gostoso ver a leveza da sua atuação, ele tem potencial pra muito mais... E quanto a Lee Min Ho,chega de fazer o bom moço! Este lugar comum precisa dar lugar a uma grande aventura e ousadia. Espero ansiosa por este dia!
    Mais uma vez grata por estar você compartilhando com a gente suas impressões

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    1. Oi monica s, bem lembrado, Lee Min-ho também é um ator estigmatizado em papeis de "menino mimado". Ele até tentou encarnar um bad boy em Gangnam Blues, mas não me convenceu. Quem sabe depois de cumprir o serviço militar ele volte mais maduro e "ousado", né?
      bjs,
      Sam.

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  3. Oi Sam, tudo bem?

    Goblin, foi um dos dramas mais lindos que já vir, visualmente, assistir o primeiro capitulo e achei tudo lindo, até quase o final, fiquei pensando que aquela pequena amostrar do passado era muito mais interessante e daria muito mais historia, do que no presente/futuro. Tenho que concordar com cada letra sobre os "protagonistas" e sua química, ou falta dela, alguma coisa não encaixou, o que não se pode dizer sobre o Goblin e o Ceifador, fiquei mais apreensiva com o possível fim da amizade deles do que com o do casal.

    Oh, O ceifador, ele partiu meu coração demais, ao mesmo tempo que em alguns momentos, eu queria sacudir ele, como alguém chora tanto sem desidratar?

    Para mim, a verdadeira "protagonista" de Goblin foi Sunny,e a rainha, com ela houve o encantamento, torci por ela e o seu Ceifador, assim como a para a Rainha e seu Rei, mesmo já sabendo o seu fim.

    Como sempre você consegue expor em palavras cada pensamento e sentimento que sentir vendo esse drama.

    Bjos e até o próximo.

    Fran

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    1. Oi Fran,
      tem razão, não sei por que, mas achei o amor impossível entre Sunny (tadinha, tão solitária e romântica) e o Ceifador muito mais "épico". Pelo menos a roteirista conseguiu amenizar um pouco o sofrimento do casal (e de nós espectadoras) no finalzinho...

      obrigada pelo comentário,
      bjs,
      Sam.

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