junho 25, 2014

The King of High School Manners (drama, 2014)


País: Coréia do Sul
Gênero: comédia romântica, drama
Duração: 16 episódios
Produção: tvN

Direção: Yoo Ji-won
Roteiro: Jo Seong-hee, Yang Hee-seong

Elenco: Seo In-guk, Lee Ha-na, Lee Soo-hyeok, Lee Yeol-eum.

Resumo

Lee Min-Seok é um adolescente que não gosta de estudar, mas é o ídolo do time de hockey no gelo de sua escola. Sua vida despreocupada acaba quando ele precisa se fazer passar pelo irmão mais velho, como executivo de uma grande empresa.

Comentário

Com uma trama inusitada e divertida, The King of High School Manners (ou King of High School Life Conduct) deve agradar ao público acostumado com os dramas ‘estilosos’ do canal tvN. Estórias envolvendo doppelgangers (sósias) não são estranhas aos dramas coreanos (vide o recente The Bride of the Century), mas a trama de The King of High School, a primeira vista, parece absurda demais para ser remotamente convincente. Entretanto, a partir do terceiro episódio podemos vislumbrar todo o potencial da estória e de seus personagens.

Ao menos no primeiro episódio é impossível simpatizar com as personagens femininas principais, as irmãs Soo-Young e Yoo-ah. A adolescente Jeong Yoo-ah (Lee Yeol-eum) persegue Min-seok dia e noite, e não parece se incomodar com a indiferença do colega. Talvez o fato de ela não ser tão bonita, popular ou rica a faça se apoiar na fantasia de namorar a estrela do time de hockey da escola. Sua irmã e tutora, Jeong Soo-young (Lee Ha-Na, de Alone in Love), é funcionária temporária da COMFO, a empresa que contratou o irmão mais velho de Lee Min-seok como diretor do departamento de vendas. Jeong Soo-young é obcecada por organização, mas desleixada com a própria aparência. Aos vinte e sete anos, ela não parece ter experiência real no amor e, como a irmã, tem uma tendência a fantasiar com relacionamentos impossíveis. Sua declaração de amor ao diretor Yoo Jin-woo (Lee Soo-hyeok) é constrangedora, para dizer o mínimo! Felizmente, a partir do terceiro capítulo as qualidades da secretária Soo-young vão se revelando, e fica muito mais fácil simpatizar e até entender sua personalidade exótica.

Por outro lado, os personagens masculinos, Lee Min-Seok e Yoo Jin-woo, são muito mais complexos e interessantes. Seo In-Guk (Reply 1997, Master´s Sun) não é um ator tão experiente, e nota-se seu esforço e concentração para desempenhar o papel do adolescente que acorda um dia tendo de fingir ser um adulto responsável. Uma situação absurda que envolve momentos alternados de comicidade e dramaticidade, um verdadeiro desafio para qualquer ator. Aos vinte e sete anos, Seo In-guk consegue aparentar tranquilamente um adolescente de 18. E se ele ainda está se adaptando ao papel, também é possível perceber que aparece muito mais seguro ao encarnar um lado mais suave e charmoso do personagem. Já Lee Soo-hyeok (White Christmas, Deep-rooted Tree) demonstra uma maior maturidade no papel do herdeiro Yoo Jin-woo. É claro que o personagem não lhe exige tanto quanto o de Seo In-guk, mas Lee Soo-hyeok também é um ator muito carismático... A cena em que Soo-Young surpreende Yoo Jin-woo sozinho, no escuro de uma sala de cinema, é uma boa prova do talento de Lee Soo-hyeok.
 
The King of High School é muito mais interessante quando me faz lembrar o clima melancólico e poético de The Flower Boy Next Door, do que quando apela para a comédia adolescente rasa de Flower Boy Ramyun Shop, só para citar dois exemplos de sucessos do canal tvN. De qualquer modo, vale a pena dar uma chance para este novo drama, escrito a quatro mãos pelas roteiristas Jo Seong-hee (High Kick Through the Roof) e Yang Hee-seong (More Charming By the Day). A direção do novato Yoo Ji-won é segura e sem floreios. Já a fotografia é o ponto forte da produção: com seus tons lavados, quase sépia, e suas belas tomadas noturnas, a cinematografia acrescenta muito aos momentos mais agridoces e românticos do drama.

junho 23, 2014

A Simple Life (filme, 2011)


País: China (Hong Kong)
Gênero: Drama
Duração: 118 min.

Produção: Lee Yan Lam
Direção: Ann Hui
Roteiro: Roger Lee, Susan Chan
Fotografia: Yu Lik-wai
Edição: Kwong Chi-Leung

Elenco: Andy Lau, Deanie Ip, Wang Fuli, Anthony Wong, Paul Chun, Qin Hailu.

Resumo

A senhora Ah Tao serviu a família de Roger Lee por quatro gerações. Agora é a vez de Roger retribuir a dedicação da antiga babá, no ocaso de sua vida.

Comentário

O último filme da veterana diretora Ann Hui foi muito comentado, desde sua estreia no Festival Internacional de Cinema de Veneza, em 2011, e posterior trajetória de sucesso entre plateias e festivais de cinema do mundo inteiro. Apesar do sucesso de público e crítica, o filme deve ter sido ignorado por muita gente que não aprecia dramas intimistas, o que é uma pena, já que A Simple Life está longe de ser uma película pesada ou deprimente. O produtor de cinema Roger Lee conta a estória real de sua relação com a senhora Ah Tao, que, mais do que uma empregada da família, foi uma segunda mãe para ele.

A diretora Ann Hui realiza uma obra fantástica, um retrato fiel e emocionante de uma mulher humilde, que viveu para servir aos outros, sem nunca esperar algo em troca. Deanie Ip é Ah Tao, uma mulher que serviu a família Lee durante quatro gerações. Quando os pais do produtor de cinema Roger Lee (Andy Lau) migram para os Estados Unidos, Ah Tao fica com ele em Hong Kong. Roger é um solteirão de hábitos frugais, mas mimado pela mulher que ajudou a criá-lo. Ah Tao mantém o apartamento de Roger impecável e prepara todos os seus pratos preferidos. Apesar de tanta dedicação, nas primeiras cenas do filme temos a impressão de que a relação entre Roger e Ah Tao é um tanto fria e impessoal, mesmo depois de tantos anos de convívio. Entretanto, tudo muda quando Ah Tao fica doente. No retorno de uma de suas viagens ao continente, Roger encontra Ah Tao desmaiada, após ter sofrido um derrame. Com a saúde fragilizada, Ah Tao não tem mais condições de cuidar de Roger, e ele é a única pessoa que pode ajudá-la neste momento difícil.

A Simple Life nos faz pensar sobre a importância da família na vida dos idosos. Será que estamos fazendo o bastante por nossos entes queridos? E será que estamos preparados para a velhice, um momento em que voltamos a depender de outras pessoas, tanto ou mais que na infância? São problemas com os quais não queremos nos incomodar, pois às vezes nos parecem tão distantes... Os mais velhos não deveriam ser encarados como um fardo pelos jovens, mas como aquelas pessoas que um dia apoiaram nossa existência, e que hoje dependem de nosso amor e atenção incondicionais.

A atriz Deanie Ip levou para casa meia dúzia de prêmios de melhor atriz, merecidamente. Sua interpretação é tão potente quanto delicada, por mais contraditório que possa parecer. E a relação pessoal de Deanie Ip com seu afilhado Andy Lau certamente ajudou na transposição para as telas da bonita cumplicidade entre os dois personagens. Aliás, Andy Lau nunca esteve tão maduro e sereno quanto ao interpretar o produtor Roger Lee. Os sentimentos de respeito e ternura compartilhados por Roger e Ah Tao são tão comovedores quanto enaltecedores. E é exatamente esta a maior qualidade desta estória, despertar um sentimento de fraternidade, do que de melhor pode existir no ser humano.

junho 20, 2014

I Have To Buy New Shoes (filme, 2012)


País: Japão
Gênero: drama, romance
Duração: 115 min.

Direção e Roteiro: Kitagawa Eriko
Direção de Fotografia: Kanbe Chigi

Elenco: Nakayama Miho, Mukai Osamu, Kiritani Mirei, Ayano Gou.

Resumo

A jornalista Teshigahara Aoi (Nakayama Miho) mora em Paris, a belíssima capital da França. Yagami Sen (Mukai Osamu) é um fotógrafo que vai a Paris, acompanhado da irmã mais nova, Suzume (Kiritani Mirei). Sen e Aoi têm apenas três dias para se conhecer e quem sabe, encontrar o amor.

Comentário

I Have To Buy New Shoes é um filme simples e despretensioso, mas que surpreende pela delicadeza das imagens e profundidade das emoções. Ao contrário de muitos filmes no estilo “cartão postal” (como as descaradas propagandas turísticas pagas dos últimos filmes de Woody Allen), I Have To Buy New Shoes, é uma obra diferenciada, criação da talentosa diretora e roteirista Kitagawa Eriko. Para começar, Kitagawa inspirou-se na atriz Nakayama Miho para escrever sua estória de amor. Nakayama Miho é casada com Tsuji Jinsei (músico, escritor, diretor de cinema) com quem mora em Paris desde 2002. Tendo uma atriz japonesa que fala francês, e que conhece muito bem a “Cidade Luz”, protagonizando seu filme, logo se nota que as cenas fluíram de forma muito mais orgânica. Outra escolha acertada foi a de Mukai Osamu ( Hungry!, S - The Last Policeman) para fazer par romântico com Nakayama Miho. Com seu ar de menino, mas porte másculo, Mukai Osamu lembra um pouco um jovem Takeshi Kaneshiro. Kitagawa Eriko é uma autora consagrada, de dramas fantásticos como Sunao ni Narenakute, Hundred Million Stars From the Sky e Long Vacation). Ela já havia trabalhado com Nakayama Miho no também famoso drama Love Story (2001).

O filme não deixa de fazer (e muito bem) seu tour pelas ruas encantadoras de uma Paris primaveril; no entanto, o ponto forte é o encontro breve mas marcante de duas almas solitárias, Aoi e Sen. Teshigahara Aoi (Nakayama Miho) é uma jornalista que trabalha em periódico japonês de distribuição gratuita. Ela foi para Paris cheia de projetos de vida, apaixonou-se, e, anos depois, acabou sozinha, mas sem a coragem, ou a vontade, de voltar à terra natal. Yagami Sen (Mukai Osamu), embora mais jovem, também tinha um grande sonho de tornar-se um fotógrafo artístico, mas, para poder sobreviver, teve de optar pelo lado mais comercial da profissão. Ele é um fotógrafo de sucesso, trabalhando com editoriais de moda e propagandas, mas não se sente emocionalmente realizado com a profissão. Sen chega a Paris literalmente arrastado pela irmã caçula, Suzume (Kiritani Mirei, de Natsu no Koi wa Nijiiro ni Kagayaku). Ela esconde do irmão que sua verdadeira intenção não é a de fazer turismo, mas sim de encontrar seu namorado, Kango (Ayano Gou, de S - The Last Policeman), que mudou-se para Paris para estudar artes plásticas, e não deu mais notícias. A espevitada Suzume apronta para o irmão logo que chegam a Paris, deixando o rapaz plantado à beira do Sena, para ir procurar Kango. Sem conhecer a cidade e sem o endereço do hotel reservado pela irmã, Sen tem sorte de cruzar com uma compatriota, a repórter freelance Teshigahara Aoi. Aoi ajuda Sen a encontrar o hotel e os dois acabam descobrindo ter muito mais em comum que a mesma nacionalidade.


O período em que a estória se passa é curto (um único final de semana) e acompanhamos os passos dos personagens quase que em tempo real. Este ritmo lento, mas fluido, nos dá a oportunidade de desvendar a estória de vida deste casal, especialmente a da simpática Aoi. Teshigahara Aoi é uma mulher de aspecto jovial e delicado, que esconde uma tristeza profunda, causada por uma grande perda pessoal. Mais do que um romance arrebatador, Aoi e Sen encontram um no outro a cumplicidade e a ternura que faltavam em suas vidas solitárias. I Have To Buy New Shoes é um filme para se apaixonar por Paris, e especialmente por este casal inusitado, Aoi e Sen, e sua breve mas intensa estória de amor.

junho 12, 2014

Cold Eyes (filme, 2013)


País: Coréia do Sul
Gênero: Policial, Suspense
Duração: 119 min.

Direção: Jo Eui-seok, Kim Byeong-seo
Roteiro: Jo Eui-seok; Yau Nai-hoi (roteiro original)

Elenco: Seol Kyeong-gu, Jeong Woo-seong, Han Hyo-joo, Jin Kyeong, Junho, Kim Byeong-ok.

Resumo

Na polícia coreana, uma unidade é especializada na vigilância de atividades ilícitas de grandes criminosos. O detetive Hwang Sang-Joon e sua equipe têm como missão desmantelar uma gangue que vêm realizando ousadas e bem sucedidas ações criminosas, lideradas por um homem de codinome James, um assassino frio e inteligente.

Comentário

O detetive Hwang Sang-joon (Seol Kyung-Gu) lidera uma equipe especializada em vigilância que faz parte do departamento de polícia de Seul. O filme começa com a policial Ha Yoon-joo (Han Hyo-Joo) sendo avaliada como candidata a uma vaga nesta equipe especial. O chefe Hwang exige que seus detetives possuam habilidades excepcionais de observação e memorização. No mesmo dia em que Yoon-joo passa no teste, ocorre um assalto a banco espetacular, em pleno centro financeiro da capital Seul.


A partir daí, acompanhamos os esforços dos policiais para capturar esta quadrilha e, especialmente, o seu líder, conhecido apenas como James (Jeong Woo-Seong). James é um verdadeiro gênio do crime, capaz de planificar assaltos milionários, sem deixar rastros. Além disso, James é um assassino implacável, que atemoriza tanto a polícia quanto seus colegas bandidos.

O título do filme, Cold Eyes, brinca com o sentido duplo que evoca, tanto do olhar humano - do vilão, James, ou dos detetives, os observadores – quanto dos equipamentos de vigilância espalhados pela grande cidade. Graças à tecnologia moderna, nos sentimos mais seguros, mas, por outro lado, muito mais vigiados. O preço da segurança é o fim da privacidade e da liberdade individual...

O bacana de Cold Eyes é como os diretores (Jo Eui-seok e Kim Byeong-seo) conseguem fazer uso da tecnologia na estória sem deixar que ela seja a protagonista. Todos os gadgets usados, tanto pelos bandidos quanto pelos policiais são meras ferramentas, que nunca irão substituir a habilidade e sensibilidade humana. Os contratantes precisam do talento de James para arquitetar os crimes, tanto quanto a polícia é dependente da experiência de veteranos como o detetive Hwang, ou da genialidade de jovens como Yoon-joo. Filmes de ação com muita correria e explosões há de sobra por aí... Já estórias que envolvam o espectador e façam-no vibrar e torcer pelos heróis são cada dia mais raros. Para mim, este é o ponto mais positivo de Cold Eyes, focar a trama nos personagens, ao invés de priorizar os efeitos especiais, ou grandes cenas de ação.


O elenco de Cold Eyes, impecável, é encabeçado pelo já veterano ator do cinema de ação, Seol Kyung-Gu (Haeundae, The Tower, Lost in Love). É quase uma redundância dizer que ele está bem no papel do detetive Hwang, mas vale ressaltar que, mesmo depois de interpretar tantos policiais em sua carreira, ele consegue criar um personagem único e incrivelmente simpático. Para mim, Seol Kyung-Gu é sinônimo de bom cinema!


Também temos a bela Han Hyo-joo, como a introspectiva e talentosa detetive Yoon-joo, um personagem tão bem construído que dá vontade de saber mais sobre seu passado. Eu voto por uma continuação de Cold Eyes, desde que conte com a presença de Han Hyo-joo, uma atriz que tem surpreendido por seu talento camaleônico (Always, Love 911).


Por fim, temos Jeong Woo-seong, em seu grande debut como vilão. Jeong Woo-seong é um ator de grande sex appeal (A Moment to Remember), mas também acostumado a papeis fortes, como no drama Padam Padam. Talvez por isso ele tenha tido uma certa facilidade em canalizar sua sensualidade em um personagem vigorosamente malvado. Apesar do medo que inspira, é impossível tirar os olhos de Jeong Woo-seong. Assista e veja se não tenho razão!

Outros coadjuvante do filme são Junho (do grupo musical 2 PM), o eterno gangster Kim Byeong-ok (Heartless City, Triangle), e Jin Kyeong (Unexpected You).

Cold Eyes foi dirigido a quatro mãos, por Jo Eui-seok (roteirista e diretor do ótimo thriller The World of Silence) e Kim Byeong-seo, renomado diretor de fotografia (The Host, Castaway on the Moon). O roteiro foi baseado no roteiro original de Yau Nai-hoi para o filme Eye in the Sky (Hong Kong, 2007), e muito bem lapidado por Jo Eui-seok. O ator chinês Simon Yam faz um rápido cameo na cena final de Cold Eyes.

Cold Eyes foi um dos dez filmes mais vistos de 2013, na Coréia do Sul, com 6 milhões de espectadores. Han Hyo-joo recebeu o prêmio de melhor atriz no Buil Film Awards, e no Blue Dragon Film Awards.

junho 06, 2014

The Library (filme, 2013)


País: Tailândia
Gênero: Romance, Drama
Duração: 30 min.
Produção: Mono Music/SuperUber Film
Direção e Roteiro: Nattawut Poonpiriya

Elenco: Ananda Everingham, Selina Wiesmann, Niti Chaichitatorn.
 
Comentário

The Library é um filme de curta-metragem, que conta a surpreendente estória de um amor que nasce dentro de uma biblioteca.

Anne (Selina Wiesmann) é uma bibliotecária que se apaixona a primeira vista por um belo e misterioso cliente que frequenta o local. Ela espera ansiosamente a cada visita de Jim (Ananda Everingham), mas não tem coragem de abordá-lo.

The Library é uma encantadora, embora agridoce estória de amor entre duas pessoas que não tem coragem de transformar sua fantasia romântica em realidade. É quase irônico que tanto Anne quanto Jim tenham tanta intimidade com a palavra escrita, mas não consigam quebrar o silêncio e expressar verbalmente seus sentimentos.

Assista The Library sem medo, pois esta estória de amor é contada em apenas 30 minutos, mas irá permanecer por muito mais tempo em sua memória.

Onde ver: Youtube (legendas em inglês), Viki (legendas em português).

junho 03, 2014

Princess Hours (drama, 2006)


Título Alternativo: Goong
País: Coréia do Sul
Gênero: Romance, Drama
Produção: MBC
Duração: 24 episódios

Direção: Hwang In-roi

Roteiro: In Eun-ah, baseado no manhwa de Park So-hee

Elenco: Yoon Eun-hye, Joo Ji-hoon, Kim Jeong-hoon, Song Ji-hyo

Resumo

O que acontece quando uma simples adolescente é obrigada a casar-se com um príncipe herdeiro? Chae-kyeong e Lee Shin veem seus sonhos de juventude desvanecer-se em nome da sucessão do trono e da preservação da tradição real... Haverá um final feliz, como nos contos de fadas, para o jovem casal?

Comentário (com spoilers)

Princess Hours (ou Goong – Palácio) cria um universo alternativo no qual a Coréia moderna é uma monarquia constitucional, semelhante a reinados europeus atuais. A monarquia segue em paz, mas a preocupação com a saúde frágil do rei Lee Hyeon faz com que os planos sucessórios sejam apressados. E a primeira providência é casar o príncipe Lee Shin (Joo Ji-hoon), para garantir que ele herde a coroa. Mas quem seria a melhor candidata a princesa herdeira? Ao contrário das expectativas populares, a eleita não é uma jovem de sangue azul, nem mesmo a filha de algum magnata... A escolhida é Shin Chae-kyeong (Yoon Eun-hye), estudante do ensino médio, que mora com o pai, desempregado, a mãe, corretora de seguros, e o irmão caçula.

Tudo começou há muitos anos, quando o então rei, o avô do príncipe Lee Shin, nutria uma amizade profunda por seu secretário pessoal, o avô de Chae-kyeong. Como forma de gratidão, o rei prometeu dar a mão em casamento de seu futuro neto herdeiro à neta do secretário. Assim, por causa deste antigo pacto, Chae-kyeong se transforma em uma cinderela moderna, mesmo que a contragosto. Sim, pois Chae-kyeong conhece muito bem o príncipe Shin, seu colega de escola, e, apesar de achá-lo bonito (como todas as meninas da escola) não tem ilusões românticas sobre ele. Chae-kyeong inclusive flagrou uma conversa em que o príncipe declarava seu amor e pedia em casamento a colega de aula, Min Hyo-rin (Song Ji-hyo). Hyo-rin não leva a sério a proposta de Lee Shin, e sugere que eles esperem até a conclusão dos estudos universitários para pensar em casamento.


Quando Lee Shin é informado sobre os planos da realeza de casá-lo com uma plebeia, obviamente fica contrariado, mas resolve aceitar seu destino. Chae-kyeong, por outro lado, fica chocada e revoltada com a possibilidade de um casamento arranjado, ainda mais sabendo que seu futuro noivo gosta de outra garota. Mesmo conscientes de que a filha é jovem demais para assumir um compromisso tão sério, os pais de Chae-kyeong se veem impelidos a entregar sua mão em casamento, em troca da quitação de uma dívida que pode deixá-los sem ter onde morar. É um gesto nada nobre da parte da família Shin, obrigar a filha adolescente a casar-se com um estranho, mas, por outro lado, eles a amam e pensam estar fazendo o melhor para o futuro dela. É claro que nós estamos falando de um drama romântico, e que na vida real existem muitos casos de princesas infelizes com casamentos arranjados.

Finalmente Shin Chae-kyeong e Lee Shin se casam, com pompa e circunstância, e vão viver no palácio. Chae-kyeong tem dificuldade em adaptar-se à disciplina rígida da corte, sem contar com o aborrecimento de incontáveis aulas de etiqueta e tudo que envolve a tradição milenar coreana. O temperamento alegre e extrovertido de Chae-kyeong contrasta com o de seu jovem marido, sério e às vezes melancólico. No entanto, o tempo e a convivência teriam o poder de fazer este casal jovem e bonito se apaixonar... Se não fosse pela súbita aparição de dois personagens dispostos a interferir na felicidade do casal.


Até a morte do pai, o rei Lee Soo, Lee Yool (Kim Jeong-hoon) era o príncipe herdeiro. Quando Lee Soo falece em um acidente de carro, o trono é transferido para o irmão, Lee Hyeon, e o filho deste, Lee Shin, passa a ser o primeiro na sucessão da coroa. E com isso Lee Yool e sua mãe, Hye Jung-goong (Shim Hye-jin), são obrigados a deixar o palácio e exilar-se na Inglaterra. Mas a mãe de Yool nunca se conformou com este destino, e volta à Coréia com a intenção de restaurar o título do filho de príncipe herdeiro. Só que os planos ambiciosos de Hye Jung-goong se veem ameaçados quando o filho se apaixona pela princesa Shin Chae-kyeong.

Pode-se dizer que Default Princess Hours é um melodrama disfarçado de comédia romântica adolescente. Isto porque, apesar de alguns momentos divertidos, sempre protagonizados pela ‘princesa rebelde’ Chae-kyeong, o clima melancólico e o ritmo lento dos melodramas predomina. Para evitar a decepção dos que esperam assistir uma comédia romântica bem levinha, é bom avisar: muitas lágrimas são derramadas, muitos corações são partidos e muitas traições são arquitetadas dentro do palácio.


Mas, então, vale a pena investir seu tempo nos longos 24 episódios deste drama? Sim, por vários motivos, sendo o principal, o adorável casal Yoon Eun-hye e Joo Ji-hoon. Para os fãs de Yoon Eun-hye (Lie to Me, Missing You) é impossível perder mais uma atuação fantástica da atriz, aqui em início de carreira, mas já em pleno domínio de seu personagem. Carisma, encanto e naturalidade são apenas algumas das qualidades desta bela atriz. E o que podemos dizer Joo Ji-hoon (The Devil, Medical Top Team), que com seus 1,87 m de altura, e sua beleza altiva, nasceu para ser príncipe. Joo Ji-hoon encara um papel principal, mesmo inexperiente (Goong é seu primeiro trabalho como ator profissional) com uma naturalidade impressionante. E o príncipe Shin não é um personagem tão fácil quanto parece, pois seu caráter melancólico e muitas vezes frio e ríspido poderia despertar antipatia, se interpretado pelo ator errado.

Princess Hours é uma adaptação para a TV de uma HQ digital coreana (manhwa) e talvez isto explique, embora não justifique o caráter unidimensional da maioria dos personagens. Sinceramente, tenho grandes restrições ao trabalho da roteirista deste drama. In Eun-ah não tem uma carreira das mais brilhantes, e o fato de Princess Hours ser seu maior sucesso até hoje não conta muito a seu favor. Em seu último trabalho, o drama Marry Me, Mary! (2010), a audiência despencou, e ela acabou sendo afastada, e substituída pela roteirista Go Bong Hwang.

Nas mãos de um roteirista mais hábil e experiente, personagens secundários como Hyo-rin, o primeiro amor de Lee Shin, ou o príncipe Yool poderiam ter sido melhor aproveitados, ao invés de se tornarem meros empecilhos para o amor do casal central. A bailarina Hyo-rin é consistentemente chata ao longo de todo o drama, mas o príncipe Yool, lamentavelmente, passa de adorável a intragável, para decepção de quem torceu por um final feliz para o rapaz. Antes ele tivesse encarnado um grande vilão, do que aguentar seu ar constante de vítima. O personagem do príncipe Yool deveria ser o oposto de seu primo Lee Shin... Yool deveria ser alegre, descontraído, charmoso... E ele até apresenta algum espírito a princípio, quando faz amizade com Chae-kyeong na escola. Mas, quanto se apaixona por ela, seu comportamento se torna cada vez mais imaturo e vingativo. Meus parabéns à roteirista por ter conseguido criar um caso raro de interesse romântico secundário que não desperta simpatia alguma da audiência. Coitadinho do Kim Jeong-hoon, mas sua atuação fraquinha também não ajudou em nada... Mas para ser justa com Kim Jeong-hoon, eu gostei bastante de seu papel no drama I Need Romance.

Se Princess Hours pudesse ser refeito como uma comédia romântica, centrada na encantadora Chae-kyeong e seu dilema de cinderela moderna, seria simplesmente perfeito. Mesmo assim, o drama foi um mega sucesso de audiência, e tornou-se um clássico, lembrado até hoje por quem acompanhou o romance entre o príncipe Lee Shin e a plebeia Chae-kyeong.
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