abril 24, 2014

Miss Korea (drama, 2013)


País: Coréia do Sul
Gênero: comédia romântica
Duração: 20 episódios
Produção: MBC TV

Direção: Kwon Seok-jang
Roteiro: Seo Sook-hyang

Elenco: Lee Seon-gyoon, Lee Yeon-hee, Lee Ki-woo, Lee Mi-sook, Lee Sung-min, Song Seon-mi, Oh Jung-se, Choi Jae-hwan, Hong Ji-min, Go Sung-hee.

Resumo

O ano é 1997, quando o país enfrenta uma grave crise financeira, e Kim Hyung-joon, presidente de uma pequena fábrica de cosméticos, luta para livrar o negócio da falência. É assim que ele e sua equipe decidem preparar a jovem Oh Ji-young para concorrer a Miss Coréia, e promover seus cosméticos. Ji-young foi muito popular nos tempos de escola, mas, apesar de não ter perdido a beleza, agora trabalha como uma modesta ascensorista. Ji-young e seu “oppa” Hyung-joon serão aliados no sonho de ter um futuro melhor e, de quebra, superar as mágoas do passado.

Comentário (spoilers!)

Uma fórmula que inclui boa parte do elenco do drama médico Golden Time (Lee Seon-gyoon, Lee Sung-min, Song Seon-mi, Hong Ji-min e Jung Seok-yong), seu diretor, Kwon Seok-jang (My Princess), e a roteirista Seo Sook-hyang (The Lawyers of The Great Republic Korea), só podia ter como resultado um espetáculo inesquecível! A primeira parceria entre o PD Kwon Seok-jang e a roteirista Seo Sook-hyang foi no drama Pasta (2010), estrelado por Lee Sun-kyun. Pasta não é nem de longe um de meus dramas favoritos, mas Lee Seon-gyoon brilhou no papel do chef temperamental e misógino, Choi Hyeon-wook. Seo Sook-hyang já havia provado seu talento como escritora com o fantástico The Lawyers of The Great Republic Korea (2008), muito superior aos seus trabalhos seguintes, Pasta e Romance Town. Por isso mesmo, foi uma sorte esta equipe ter se reunido novamente para criar esta pequena obra prima televisiva.

Para começar, meu coração já bateu mais forte ao ver juntos mais uma vez Lee Seon-gyoon e Lee Sung-min, que já viveram duas parcerias inesquecíveis e divertidíssimas, tanto no drama Golden Time, como no filme Officer of the Year. Só que desta vez Lee Sung-min não é amigo nem mentor de Lee Seon-gyoon (ao menos no início da estória), mas seu pior inimigo... Lee Sung-min é Jeong Seon-saeng, um capanga que vive da intimidação dos clientes devedores de uma empresa de agiotagem. E nos primeiros minutos do drama vemos Jeong Seon-saeng quebrando a cara do pobre Kim Hyung-joon (Lee Seon-gyoon) quando este admite não ter como pagar o valor integral da dívida de sua empresa, a ViVi cosméticos. Desesperado com a iminência de perder o negócio, Hyung-joon decide arriscar uma última cartada com um golpe publicitário que envolve encontrar uma candidata ao concurso de beleza mais disputado do país, o Miss Coréia, conseguir que ela seja eleita e, finalmente, usar sua fama para promover a ViVi cosméticos. Um sonho maluco no qual embarcam seus parceiros de empresa, Go Hwa-jung (Song Seon Mi), Kim Hong-sam (Oh Jung-se), Kim Kang-woo (Choi Jae-hwan) e o próprio Jeong Seon-saeng, que acaba se revelando um mafioso de bom coração.

Mas quem terá o potencial para ser coroada Miss Coréia 1997? Hyung-joon não precisa parar um segundo para responder a esta pergunta... Porque para ele a mulher mais bonita do país é, e sempre foi, Oh Ji-young, seu primeiro amor. Nos tempos de escola, Oh Ji Young era a garota mais popular do bairro, e os rapazes se penduravam nas janelas do colégio para vê-la passar. No entanto, o tempo passou, Hyung-joon foi para a universidade e perdeu contato com Ji-young. Oh Ji-young parecia não ter grandes ambições profissionais, e acabou presa a um emprego de ascensorista em um grande centro comercial. Um destino triste para uma jovem tão bonita, confinada por sete anos dentro de um elevador... Quando Ji-young está a ponto de jogar tudo para cima e pedir demissão, surge Hyung-joon com a proposta de transformá-la na mulher mais admirada do país. A jovem hesita, surpresa e ainda magoada com sentimentos mal resolvidos de seu passado misterioso com Hyung-joon.

Apesar da aparente simplicidade de seu enredo, Miss Korea é um drama sólido, um verdadeiro drama de caráter. E embora encontremos muitos dos elementos de um drama coreano clássico, a roteirista procura desconstruir certas características deste tipo de obra, especialmente no que se refere aos personagens. Neste ponto, o drama se aproxima muito mais da linguagem cinematográfica, do que da televisiva... Várias vezes (enquanto assistia o drama) me peguei pensando que Miss Korea teria sido um grande filme... Mas, por outro lado, se fosse um filme não teríamos a oportunidade de desfrutar de mais tempo na presença de personagens tão encantadores, e tão humanos.

Ji-young e “oppa” Hyung-joon são, sem dúvida alguma, um dos casais mais adoráveis já vistos nos dramas coreanos. Mas seu romance, ao contrário da maioria dos casais da ficção, é dolorosamente real... Mas nem por isso menos interessante ou impactante. Lee Seon-gyoon mais uma vez consegue incorporar com naturalidade e graça um personagem que, é verdade, lhe caiu como uma luva. Quem admira e conhece a carreira deste ator há de concordar que ele poderia ser Hyung-joon na vida real. E quanto a Lee Yeon-hee, o papel de Ji-young foi a melhor oportunidade que ela poderia ter para desabrochar como atriz. Quem a viu no drama Ghost não acredita que se trate da mesma pessoa. Não sei se de lá para cá ela fez um curso intensivo de atuação, ou simplesmente encontrou o papel certo para mostrar seu verdadeiro potencial. Oh Ji-young é um personagem cuja complexidade vai se revelando ao longo da estória, de um mero rostinho bonito, a uma mulher que resolve tomar o destino em suas próprias mãos.

Assistir um drama que nos presenteie com um casal tão carismático, já seria o bastante, mas, felizmente, Miss Korea tem muito mais a nos oferecer. Se há uma coisa que detesto é um drama que use os personagens secundários como mera escada para os principais, ou mero passatempo para o enredo. Este é mais um ponto a favor, ou talvez a maior qualidade deste drama: os personagens não são secundários, eles são coadjuvantes da estória. O romance/embate entre Lee Sung Min e Song Seon Mi, por exemplo, é engraçado, e ao mesmo tempo tão repleto de emoção, que eles mereciam ter um drama particular só para eles. Mas o desfecho deste romance certamente satisfez aqueles que ficaram frustrados com o destino de Lee Sung Min e Song Seon Mi no drama Golden Time.

Outra que brilha no drama é Lee Mi-sook (A Thousand Days´Promise), como Ma Ae Ri, dona do Salão de Beleza Queen, ex-miss Coréia e missóloga. A presença marcante desta atriz é algo fora de série, não só por sua beleza clássica, mas por sua atuação madura e seu surpreendente dom para a comédia. Se fosse para escolher o personagem mais interessante da trama, ficaria com Ma Ae Ri, por representar todas as qualidades que uma mulher de caráter deveria possuir.

O ator mais prejudicado neste drama acabou sendo Lee Ki-woo, já que seu personagem, o empresário Lee Yoon, que era para ser o principal rival de Hyung-joon, acabou sendo apenas uma presença pálida e no máximo irritante na estória. É claro que não foi culpa de Lee Ki-woo ter sido deixado de escanteio com tantos outros personagens divertidos que passaram por Miss Korea. Mas cada vez que o via, me lembrava de papéis tão maravilhosos que ele já interpretou, como no drama Flower Boy Ramyun Shop, por exemplo, e ficava com peninha dele.

Pontos extras para a direção (especialmente de atores) e para ambientação impecável – já que o drama se passa nos - nem tão longínquos - anos noventa, mas muita coisa mudou de lá para cá. E é muito divertido ver que o mundo mudou mesmo, especialmente na área tecnológica – do pager para o telefone celular digital, do videocassete para o Blue-ray... E parece que o mundo também ficou um pouco menos ingênuo e romântico... Mas talvez seja apenas impressão minha.
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